Esse tema combina perfeitamente com o período de Advento que estamos vivendo. Existe uma tradição que antecede o Natal que é a Coroa do Advento (vocês podem encontrá-la facinho em qualquer igreja). Nessa Coroa ficam afixadas quatro velas, cujas cores variam pelo mundo. Na Igreja da Consolação, que fica próxima a meu serviço (e que passo todos os dias, para a Missa), as velas são de quatro cores: verde, roxa, rosa e branco. Essas velas são acesas no início da Missa.
A vela verde lembra a esperança que este período de Advento traz consigo, e é acesa no primeiro Domingo. A roxa (ou vermelha), lembra o fogo do Amor de Deus, e foi acesa ontem, no segundo Domingo. A rosa lembra a alegria que está chegando com o Natal, e será acesa no próximo Domingo (que é o "Domingo Gaudete" - alegria, em latim). E por fim a branca, que lembra a paz, e será acesa no último Domingo antes do Natal.
A frase de meu amigo se encaixa perfeitamente com o significado da vela verde. Muitos homens possuem um "defeito" que vai de encontro com o que essa vela verde significa. O homem muitas vezes prefere resolver as coisas na marra, "no muque", com a batuta de um planejamento minucioso, já contando com os resultados lá na frente. Fica tenso, ansioso, debate resultados e o menor passo das pessoas envolvidas desse planejamento é motivo de longas discussões. É o famoso homem calculista, que acha que só colocando as coisas na ponta do lápis as coisas saem.
Admito que sou um desses homens, em muitas ocasiões. E posso dizer aos leitores que, quando o fiz, mais quebrei a cara do que recebi resultados positivos.
A questão não está em não "calcular". Planejar é sempre válido, e como diz uma frase que conheço, "só se aprende a nadar nadando". O problema está quando só se confia no próprio muque, e se esquece de que há, sim, um Deus que sabe o que faz. E que também tem um plano traçado pra cada um de nós, onde qualquer desvio ou tentativa deste plano inicial só leva a desastres.
Putz... e como eu vou saber onde está esse plano, essa tal... "Vontade de Deus"? Três dicas que aprendi:
Em primeiro lugar, lutando por ser paciente. Paciente quando a resposta não vem e você tentou, paciente quando a resposta for negativa e você também tentou. Percebemos facilmente quando não é a Vontade, o Destino, quando resmungamos perante a contrariedade. Mostramos nessa atitude que não soubemos esperar, que quisemos atropelar as coisas ou fazer valer o que seria mais vantajoso somente naquele momento.
Em segundo lugar, rezando um pouquinho mais. Nada melhor do que falar diretamente com o Dono do Destino, que já sabe por onde temos de seguir, pra seguir a trilha correta. Inclusive nessa oração que for feita, o assunto que nos inquieta pode ser levado "na pauta". A cabeça esfria, e as ações, tenha certeza, serão mais ponderadas.
E por fim, em terceiro lugar: viver o presente. Planejamos bem o futuro quando vivemos bem o presente, construindo um dia novo, um capítulo novo da nossa "novela". O depois, saber se nossas tentativas serão acertadas dependerá muito do que fizermos agora. Compare a um jogo de video-game: pra chegarmos ao "chefão", geralmente não começamos o jogo diretamente da última fase. Primeiramente passamos fase a fase, aprendendo golpes, técnicas, ganhando vidas... para aí sim chegarmos ao "chefão" com condições de superá-lo. Do contrário, chegar sem treino, querendo driblar fases, significará apanhar e "game over" é quase que uma certeza.
Portanto, neste tempo de Advento, vale a pena fazer valer o significado da vela verde: um pouco mais de esperança e pés-no-chão em nossas atitudes são muito bem vindas. Como diz um famoso pagode, "o que tem de ser assim será". E não será atropelando e calculando em excesso as coisas que vamos conseguir mudar o rumo do barco.
Será bem melhor, ao invés de querer mudar o rumo do barco da vida, nos adequarmos a esse rumo. Pois, se tivermos essa fé que tanto está ausente entre tantos, estaremos certos de seguir para um porto seguro, em qualquer assunto. Afinal, o timoneiro é Deus!
São Paulo, 08/12/2008. W.E.M.
Um comentário:
Hum... trabalho perto da Igreja da Consolação tbm, Wanderlei! Outro dia, qdo o coração tava apertado, entrei, sentei e conversei com o Dono do Destino. Foi ótimo!
:)
Não sou assim tão crente como vc e vivo fraquejando, duvidando e calculando (aliás, tentando calcular!) tudo, como vc comenta.
:(
Admiro muito sua fé e suas palavras. Uau! (dá até vergonha de comentar!)
Chega de escrever, às vezes me empolgo e acabo falando bobagem.
Beijos.
;)
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