segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Crônica – Ano II – Nº 55 – “Depois”

Domingo, 23/11, tivemos uma importante festa católica: Cristo-Rei. E, assistindo a Missa de hoje (a Missa dos Domingos assisto às 20 horas, na Paróquia São Gabriel, no Itaim), vi nas leituras referências explícitas sobre o "depois" do ser humano: Céu ou Inferno.

Não tinha escrito nenhuma crônica ainda com referência direta a esse "depois". Mas, aproveitando a deixa do mês de Novembro, que traz consigo um caráter de reflexão por ser o mês em que lembramos dos que já se foram, comento aqui um pouco do que eu penso sobre esse assunto tão, digamos, incômodo para muitos.

É comum encontrarmos personalidades das diversas esferas que, ao serem entrevistadas, revelam um medo principal: morrer. Pois morrer seria o fim de tudo: das conquistas, das pessoas queridas, da fama, do nome. Tudo o que foi construído em anos de vida, de repente desabar com uma doença, um acidente: com a Morte. 

Porém, ao mesmo tempo em que vemos essas assustadiças personalidades (que muitas vezes se refugiam inclusive em doutrinas que pregam uma "segunda chance" na Terra - respeito-as, mas o que tem de gente que se esconde por trás delas pelo simples medo de morrer...), temos muitas outras que sabem que esta vida que levamos aqui nesta terra nada mais é do que uma passagem, um grande corredor rumo ao verdadeiro destino. Duas portas: Céu e Inferno, sendo que na primeira há ainda uma porta intermediária: o Purgatório.

Não adianta matutarmos detalhes de como seriam esses destinos finais. Só na hora, mesmo. Agora, vale a pena matutar sobre a forma de percorrermos o corredor rumo a estas portas. Isso porque a própria maneira de percorrer o corredor já pode dar idéia de qual porta terá mais possibilidade de ser aberta.

Pode-se percorrer o corredor rumo ao Inferno: cercando-se da trapaça, da mentira, da soberba, do uso do próximo, da preguiça, e privando-se de Deus e dos outros, que seriam somente degraus para nossos mesquinhos objetivos. Mal há virtude nesse corredor e, se há, nem se percebe tamanha a cegueira. Um corredor semelhante aos famosos "corredores poloneses" dos tempos de escola, onde safanões, xingamentos e empurrões não tinham limites.

Outra forma de percorrer o corredor é totalmente inversa do que vimos antes: uma vida que deixou rastro, que lutou por viver os mais essenciais valores, que não se deixou enganar por tolices do consumismo ou do ser humano como animal ou pedaço de carne para o bel-prazer. Um corredor cheio de amigos, onde cada um foi olhado com todo o tempo do mundo. Um corredor divino. E, apesar dos defeitos (que temos, sem dúvida), se não foi aquela maravilha, há a porta intermediária no fim do corredor, antes do Céu: um Purgatório, que seria como um "chuveiro" que limparia o que ainda "não era uma Brastemp" em nosso caráter, para daí sim chegarmos perfumadinhos no Céu.

Esses são os Novíssimos em que acredito. E a festa de Cristo-Rei mostra quem dará a comanda definitiva para essa Eternidade: Deus. Sim, há julgamento, e há inferno e Céu. Agora, é simples adiantarmos a "sentença", e vermos já aqui esse inferno e Céu presentes. A vida torna-se infernal quando nos decidimos a seguir o "corredor polonês" citado acima. Fica-se escravo da total falta de valores, e quando chega a hora, chega-se de mãos vazias, ressequidas pela indiferença e pelo calabouço do que é terreno e passageiro, mortal. Não há uma boa herança para quem vem depois. E a vida é celestial, quando enchemos de bens os que nos cercam. Ficaram valores, uma família bonita, amigos, rastros eternos, exemplo. Um pedaço de Céu já aqui na terra.

Reflexão: ficar presos ao triste indiferentismo ateu, agnóstico e materialista, onde não há depois e sim um "the end"? Ou voar já nessa vida, no que fazemos e atuamos, rumo ao legítimo depois: um Céu com Deus e todos os queridos, "forever"?

Eu fico com a segunda opção. E você?

São Paulo, 24/11/2008. W.E.M.

Nenhum comentário: