sexta-feira, 22 de junho de 2012

Crônica - Ano V - Nº 185 - "Responder com o bem"

Nos últimos dias, em conversas com os amigos da Escola (aliás figuras muito frequentes, em dias tão atribulados como todo final de Bimestre), chegamos a uma unanimidade: o cansaço assolou a todos. Amigos brigando com amigos, alunos e funcionários com os nervos à flor da pele. Uma palavra sem malícia ou assunto fútil pode se transformar num sério motivo de briga.

E muitas vezes, os coices atingem quem não tem nada a ver com a história. Talvez todos nós já tenhamos passado pelo desagradável momento em que demos "bom dia" e ouvimos um sonoro "o que tem de bom?" ou ainda, um silêncio mortal. Ou então utilizamos de educação, e fomos atropelados por nosso chefe, na hora da reunião. O costume de dizer "muito obrigado" para muitos ficou ultrapassado. E até mesmo a cordialidade, algo "afeminado" ou coisa de "fracos", pois está na moda ser duro, ríspido ou grosseiro, pois esses falam a verdade.

Responder o mal com o mal parece ser uma tônica de uma sociedade estressada. A técnica do olho por olho e dente por dente se torna mais comum nas relações sociais, onde mostrar um sinal de fraqueza pode significar exclusão social, bobice.

Penso justamente o contrário. Não há melhor resposta a um mal que com o bem. Por mais que isso hoje pareça tolo, o que não é verdade.

Responder com o bem significa "desarmar" nosso algoz. A partir do momento em que prefiro apostar numa atitude má, acabo caindo na mesma vala comum de ressentimento, pobreza de espírito e maldade, que num primeiro momento até nos deixa "vingados", satisfeitos... mas depois, quando acordamos e "vemos a mancha na roupa", traz tristeza e tira a paz de nossa consciência: fica em nós a impressão contínua de que algo está errado. Já tive a experiência de querer usar a "lei do talião" citada, e em nada me ajudou: me senti falso comigo mesmo.

Não deixemos de ser quem a gente é por conta das patadas alheias. Quem tem por primor a educação não pode deixar a mesma de lado: tem que continuar sendo educado, solícito, sorridente, e vencer pelo cansaço. Ou então não responder jamais com grosserias, baixando o nível e querendo comprar briga: pelo contrário, é o momento de mostrar compostura e não se contagiar com a treva de uma má ação. Aliás, se queremos que a outra pessoa se corrija, isso passa pela nossa postura ética e humana: nossas ações, quando boas, chocam tanto com as ações ruins que incomodam o outro, e quando ele se incomodar e for colocar na balança, terá condições de acordar pra vida e, quem sabe, passar para o "lado branco da força" (parafraseando Star Wars, hehehe). 

E quando nos faltar o "sangue de barata" que não temos, talvez a resposta com o bem seja... humildemente, pedir desculpas pelo que tenhamos feito. Largar o querer ter razão (mesmo que a tenhamos, mesmo) de lado e ir primeiro nos reconciliarmos com nossos próximos, antes de fazer o que se tem de fazer (Cristo já tinha dado a tônica disso a todos nós, em sua fala). Responder com o bem vai em comum acordo com a humildade, com o querer bem primeiro quem me cerca antes de mim mesmo, com o legítimo carinho, e não a caridade oficial com caras e bocas que muito aparece por aí.

A paz que hoje nos falta passa, antes de tudo, em nossa resposta com o bem. As guerras, desavenças, ódios e tragédias, que tanto passam nos telejornais da vida, começam quando preferimos responder com o mal. Fujamos, pois, dessa vala comum: um mundo melhor começa pelas pessoas de paz, e não de guerra. Apaziguar é preciso, para nós mesmos e para o mundo.

Bora semear um rastro bom e frutífero? E a certeza de se estar de bem com quem ou com o que vier! ;)

São Paulo, 22/06/2012. W.E.M.

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