quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Crônica - Ano IV - Nº 148 - "Um tributo à Igreja"

Quero começar o quarto ano de crônicas fazendo justiça a uma figura que vem sendo perseguida, caluniada em diversos ambientes (acadêmico, político, social): a Igreja. Escolhi este tema não de maneira aleatória. Basta ver os atuais noticiários, que adoram fazer alarde de "escândalos" envolvendo a Igreja: pedofilia, envolvimento em política, "beijaços", aborto e posições "retrógradas". Há poucos meios de comunicação e rodas de conversa que defendam a Igreja e suas instituições.

Entretanto, convido aos leitores a lembrar de certo filme consagrado pela crítica: "Doze Homens e Uma Sentença" (1957). Doze jurados, designados a dar um veredicto de um caso perdido de um homem cujas evidências praticamente o condenam à morte. Bastava somente que os doze batessem o martelo, e pronto. Os onze primeiros decretaram a sentença; porém o último jurado apontou a inocência do réu. Aos poucos, este jurado quebrou cada evidência, e aos poucos os jurados foram se convencendo. O resto do filme, convido aos leitores para assistir, hehe!


Assim, faço analogia para com o debate sobre a Igreja: muitos a condenam, porém sem verificar suas obras, seus méritos, nos quais essa mesma Igreja pouco quer ser aplaudida, preferindo agir a revidar. Será que os críticos que acusam a Igreja de elitista conhecem a estatística de que mais de 20000 instituições da Igreja estão espalhadas pelo mundo cuidando de leprosos, órfãos, idosos, pessoas de rua, oprimidos pela guerra, presos, sob a batuta de pessoas muito santas como Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce (recentemente beatificada), pessoas mergulhadas no amor ao próximo; e que também muitas pessoas ricas colaboram generosamente para essas obras, fazendo frente a muitos de "classe C" que pouco tem tempo para um ato de amor, mas tem para si mesmo? Ou aqueles que chamam a Igreja de retrógrada e anti-científica sabem que foi ela a responsável pela criação e sustento de instituições como a universidade, o hospital, pesquisas científicas, escola?

Sobre as questões relativas ao homossexualismo, aborto, eutanásia, sexualidade: a Igreja possui diversas pastorais que acolhem o público homossexual e contam com sua ajuda. E não muda nem mudará uma vírgula em relação às suas posições sobre a dignidade da vida e da sexualidade, de maneira positiva. Padres pedófilos? A Igreja vem investigando rigorosamente esses casos, só que ao invés de tacar numa vala comum os responsáveis por essas ações ela se preocupa em ouvi-los, acolhê-los e reintegrá-los à sociedade, punindo com o devido senso de justiça, ao invés de apedrejá-los, como muitos gostariam de fazer.

Há 1001 razões para o tributo a essa instituição tão séria que é a Igreja, perseguida tolamente por certos "progressistas" que querem atirar a instituição no mesmo bueiro de valores repletos de promiscuidade, atentados à vida, materialismo, indiferença. Se hoje a Igreja toma pedradas, é justamente por contrariar um hedonismo difundido na sociedade e que até mesmo certas "igrejas" (se é que podem se chamar de igrejas) promulgam em seus púlpitos.


Num futuro próximo, de descompromisso e superficialidade das relações e pensamentos sob a justificativa de um falso progresso, estará lá a Igreja com sua firmeza de doutrina e fidelidade aos valores mais íntimos do ser humano, com sua ação sem alarde e despreocupada com as críticas de quem pouco colabora para a promoção do bem comum e só quer tumultuar. E talvez, assim, ela ganhe o crédito e tributo que em tempos passados, hoje e sempre ela merece. Um salve para a fiel, coerente e eterna Santa Madre Igreja!


São Paulo, 14/11/2010. W.E.M

2 comentários:

André Henriques disse...

Sempre dou uma lida, mas nem sempre pitacos. Na verdade, muitos criticam sem ter fundamentos e pelo prazer do ataque mesmo.

A Igreja Católica, como instituição e como qualquer instituição, não age sem ser por aqueles que a constituem. O ser humano é falho e por isso é que há falhas.

A questão é que as falhas sempre ganham mais repercussão e talvez seja a hora da Igreja Católica, ou melhor, os católicos, sobretudo seus líderes, rever algumas das suas posturas quanto aqueles que falham. Você está certo em dizer que não se deve tacar pedra, mas é certo também que eles são muito mais brandos com os seus do que com aquilo que ocorre fora da instituição.

Não há perfeição e a instituição, mesmo a Igreja, falha pelos seus. Rever posições e declarações são mostras de nobreza. Qualidade rara! Santos homem o Papa João Paulo II, o único que teve coragem de olhar para aquilo que estava errado e pedir perdão depois de tantos anos.

Não só a Igreja, mas todas a instituições humanas precisam de mais homens assim.

Prof. Wanderlei Evaristo de Mattos disse...

Obrigado, querido amigo agora "octacampeão", hehehhe!

Sem dúvida, a Igreja é composta de homens, com suas falhas e defeitos dos mais diversos, e ao verificarmos a História da Igreja veremos diversas vezes a instituição denegrida pela conduta desses homens. Talvez mesmo atualmente vários despertem sua revolta para com a Igreja ao ver determinadas posturas e declarações, como vc mesmo colocou.

Brandura? Não vejo dessa forma. Eu vejo a Igreja e seus líderes, além de primeiramente utilizarem a política do "roupa suja se lava em casa", mostrarem ação condenatória contra o erro, e não o autor do erro, e isso acaba por gerar o inconformismo de milhares de pessoas de fé ou não católica. Hoje a mídia internacional vê com escândalo o fato da Igreja tratar das pessoas que caíram de maneira interna e de maneira a recuperar essa pessoa, ao invés de jogá-la ao braço secular. E ao ver essa atitude eu lembro do que Cristo diz sobre as ovelhas do pastor que, se uma se perde, ele vai atrás dessa que se perdeu e ao recuperá-la, convida a todos a rejubilar-se.

Portanto, a Igreja é composta de homens, e estará sempre sujeita a erros, bem como todos aqueles que compõem a mesma (que o diga São Pedro, né?). Também digo que não há perfeição: porém a Igreja mostra outro caminho, que é o do começar e recomeçar, da luta diária contra as fraquezas, que tantos homens santos nos deram exemplo de perseverança.

Por fim, sobre os mea-culpas: é preciso tomar cuidado para não cair na tendência dos críticos em cobrar da Igreja um "acerto de contas". As posições que a Igreja tomou sempre estiveram de acordo com sua doutrina, e muitas vezes as pedradas que tomou foram pelo fato de ratificar essa posição. A coerência e a retidão nunca foram fáceis de serem vividas, e sempre trouxeram consigo um terrível ônus (a verdade e a sinceridade doem). Portanto, o que muitos desses críticos buscam é caçar "mea-culpas" da Igreja para depois tamborilarem aos quatro ventos: "Tá vendo, a Igreja errou". Veja se hoje os críticos se lembram da visita do Papa a Auschwitz ou ao Muro das Lamentações. A Igreja, mais que "mea-culpas" (que o Papa João Paulo II teve mérito em realizar, sem dúvida), precisa é mais da oração de seus fiéis por cada membro dela, desde o Papa até o último leigo batizado pois, como vimos, estão sujeitos aos erros. E rezemos um pouco mais por essas instituições e pessoas diversas que, ao invés de ficarem eternamente carregando um certo vitimismo que depois descarregam na Igreja, poderiam ir mais adiante e realizar um pouco mais pela sociedade em que vivemos: por exemplo, promovendo a paz, o cuidado com os mais pobres e necessitados, a caridade.

Um grande abraço!