segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Crônica - Ano II - Nº 98 - "O cruzar de braços"

Eu tinha várias opções de temas para cronicar. Mas não poderia deixar de falar sobre a eleição do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, heheh!

Confesso que fiquei empolgado! Levei meu rádio para o bandejão central da USP, e junto com alguns amigos esperei o veredito do COI. Até um pessoal desconhecido, ao perceber que eu estava ouvindo a escolha, parou para acompanhar! Assim que saiu a escolha, fiquei entusiasmado (tanto que fiz algumas brincadeiras no Orkut, como costumo fazer). Mesmo sendo paulistano roxo e com uma ponta de "ciúme", e sabendo que haverão muitos ônus com a chegada desse mega-evento.

Porém, quero me ater a uma declaração do Príncipe Albert de Mônaco, um dos integrantes do COI e que declarou voto ao Brasil: "o Brasil ficou entusiasmado com a escolha, mas desde já é hora de pôr mãos à obra. É uma chance talvez única do país mudar sua história e realidades".

São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei e que esteve no Brasil em 1974, traçou em sua estadia um perfil do brasileiro: extremamente entusiasta, alegre, mas que tende a desanimar nos primeiros obstáculos. Um passo errado, uma conduta indevida e pronto! Não dá mais, tudo é uma merda, o fulano de tal não presta. Apesar do famoso refrão "sou brasileiro, não desisto nunca", muitos milhões de brasileiros costumam ser adeptos do mau agouro, mostrando um pessimismo diante de situações delicadas. Cruzam os braços.

Minha posição sobre os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio é de que haverão problemas crônicos a serem resolvidos, a começar pelos nossos políticos, que com certeza (a grande maioria deles) vê nesse evento uma oportunidade de ouro de embolsar fortunas com dinheiro público. Depois, a própria situação do Rio, que beira a calamidade pública em quesitos como segurança e saúde. E, se considerarmos que haverá dois anos antes a Copa do Mundo no Brasil, pensemos nos problemas das demais cidades: São Paulo e seu trânsito caótico, as cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, carentes de infra-estrutura, as cidades do Sul do país com problemas de rede hoteleira, transporte... Quanta coisa!

É "fato consumado" esses dois eventos no País: pensemos agora nos bônus. Haverá uma pressão internacional como nunca antes vista, bem como os olhares para os problemas do País. Os políticos saem pressionados desta história, pois gente de gabarito jogou suas fichas nesses ditos cujos, e não ficarão satisfeitas em ver dinheiro ser desperdiçado. Uma infra-estrutura completa, em todos os níveis, terá de ser montada, e problemas irresolvíveis agora terão que se tornar solucionáveis. E a fatia da população de insatisfeitos, junto com a de satisfeitos com estas escolhas de sede vai cobrar como nunca antes foi cobrado os investimentos a serem feitos (me incluo nesse grupo de cobradores). Há mais bônus do que ônus nestas escolhas, a questão é querer fazer a diferença.

O que não podemos é ser mais um dos que vão cruzar os braços. E não falo aqui somente da situação olímpica, mas de tudo. Tem gente que tem fetiche por "chutar cachorro morto". Acordam com nuvens negras ao seu redor, e não estão satisfeitos com nada, não vêem saídas, formas de fazer diferente. São insossos conformistas, que ao invés de ir pra frente de batalha, preferem se sentar em roda e chorar as pitangas, sem qualquer intenção de buscar soluções, mas sim continuar de maneira egoísta caçar novos motivos para, no dia seguinte, chorar mais ainda. Muitos dos que não apoiaram estes eventos no País são dessas "carpideiras", que não tem essa esperança de que precisamos para crer que o País tem capacidade de aproveitar esses eventos para melhorar num todo.

Assim, temos duas opções: ou "comprar" os Jogos e ser mais um dos que querem aproveitar a ocasião para mudar nem que seja um pouco mais pra melhor o País, ou cruzar os braços e continuar reclamando ao invés de agir e cobrar.

Fico com a 1ª opção, a que o Brasil mais precisa pro momento. Rio-2016: eu vô! E você?

São Paulo, 05/10/2009. W.E.M.

Um comentário:

Engenholiterarte disse...

Eu preciso ter mais fé, Wan...