segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Crônica - Ano II - Nº 92 - "Retroalimentação"

No bandejão com um amigo meu, um dia desses, este me vem com a seguinte pergunta de boas-vindas: "E aí, Wanderlei, boas expectativas pra esse dia?". Detalhe: ele colocou essa pergunta de maneira desanimada, não esperando muita coisa daquele dia.

Também nessa semana me vi conversando com um amigo que tinha preocupações sobre seu relacionamento. E chegamos num consenso: o amor, pra valer a pena, precisa de retroalimentação. E é justamente essa retroalimentação que exploro como tema desta crônica.

Um sistema retroalimentativo é aquele onde o próprio sistema fornece combustível para que este continue a funcionar. Por exemplo, podemos pensar naquelas cascatas artificiais que vemos nos shoppings centers: a própria água que jorra da fonte volta por dutos para ser jorrada novamente.

Assim também acontece em nosso cotidiano. O sistema do dia-a-dia, pra funcionar bem como as cascatas acima, precisa funcionar de maneira retroalimentativa. Pois do contrário, assim como a água estancada junta uma série de micróbios e não tem a menor graça, o dia-a-dia estancado produz fadiga, desesperança, tristeza, chatice.

O mundo dinâmico no qual vivemos trouxe consigo um efeito colateral interessante e paradoxal: as pessoas se tornaram mais suscetíveis ao cansaço, ao desânimo. Brinco com um amigo da História, que fica no mesmo prédio da Geografia, que é fácil reconhecer quem é da História: basta perceber quem passa por você com ar taciturno, tristonho, introspecto (tô brincando, amigos historiadores, heheh! Isso também acontece na Geo). Vemos os casos de stress, depressão e problemas psicológicos crescerem em números alarmantes. Enfim, topamos com uma sociedade de motores desligados, ou que só pegam no tranco, por mera obrigação.

Esses motores desligados ou empoeirados na verdade estão danificados pela falta de um combustível muito simples: amor. Sim, é o amor que fará que funcione esse sistema retroalimentativo. Quando alguém procura conservar esse amor, saltar da cama para ir ao trabalho ou para a faculdade não será um sacrifício. Ama-se o que se faz. Encontrar pessoas queridas ou a pessoa amada não é uma tarefa dura para quem ama: esse "óleo do amor" deixa o motor quente, pronto para funcionar a hora necessária.

A rotina e o cansaço, para todos os casos acima, ficam sufocados pela retroalimentação, pois não terão espaço para se estancarem. Um casal amigo, em certa oportunidade em que completaram seus 20 anos de casados, compraram juntos uma passagem para o Nordeste, e se mandaram. Outra amiga, para mudar a rotina da facul, se matriculou em um curso de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais). Outro, chamou o melhor amigo para subir uma montanha. Enfim, todos esses são exemplos dessa retroalimentação: pelo "óleo do amor", atuações cotidianas ganham um novo tempero.

Se andarmos com um belo frasco do óleo acima, veremos como nosso dia pode sempre trazer novas aventuras. Até mesmo os dias chuvosos, como os que vemos em Sampa nos últimos dias, estarão contagiados por essa retroalimentação: saberemos o que fazer neles, ao invés de nos rendermos ao tédio. Melhor: quando alguém nos encontrar, daremos a este um pouquinho deste nosso óleo (por um sorriso, uma piada, um "causo", uma atenção, um beijo ou um abraço...). Pensemos: como iremos colaborar com os demais e com nossas tarefas colocando nestes a tristeza, a apatia? Tristeza e rotina só servem pra uma coisa: gerar mais tristeza e mais rotina. O mundo não precisa de motores empenados, mas sim de gente com lenha pra queimar, que aqueça os que estão à sua volta. Pessoas que possuam em dia seu sistema retroalimentativo, pois tiram amor, carinho e virtudes de si mesmos, pela simples convivência e ações.

Assim, fica o convite para que tenhamos retroalimentação em tudo que fizermos. O motorzão da Terra funciona de acordo com o bom funcionamento de nossos motores.

Retroalimentemos o motor de nosso dia-a-dia, portanto!

São Paulo, 24/08/2009. W.E.M.

2 comentários:

Engenholiterarte disse...

Olá Wan - passei por aqui para me retroalimentar positivamente... Beijos!

Prof. Wanderlei Evaristo de Mattos disse...

Opa! Olha aí um dos combustíveis de minha retroalimentação diária, heheh!

Bjão!