segunda-feira, 11 de maio de 2009

Crônica - Ano II - Nº 77 - "ÀFdP x H1N1"

Literalmente, a expressão "à flor da pele" vem tomando conta de milhares e milhares de pessoas por todo o mundo. Crises econômicas e sociais, guerras, número cada vez maior de depressivos e suicídios... e agora a tensão causada pela Influenza A H1N1 (popularmente chamada "gripe suína").

Abrimos os jornais e topamos com operações de guerra para detectar a nova gripe. O México e seus nativos foram escorraçados pelas relações internacionais, e o medo de uma pandemia é presente. Definitivamente, o mundo está sob alta, altíssima tensão.

Felizmente a ciência mostrou dominar a nova doença, com rápidos diagnósticos e tratamentos (ainda em estudos), além da comprovação do poder letal da Influenza A ser muitíssimo inferior ao de outras doenças já conhecidas do público (como a meningite, por exemplo). Hoje o controle é feito não com medo da mortandade, mas sim pelo receio de que a doença se torne tão popular quanto a gripe mais conhecida, que alcança os quatro cantos do mundo.

Por outro lado, se a Influenza H1N1 ainda não subiu ao status de pandemia, a doença infelizmente trouxe à tona a presença do "vírus à flor da pele", e que em minha opinião é muito mais contagioso, preocupante e fatal.

O "Vírus ÀFdP" (que representa as iniciais de À flor da pele) é transmitido nos ambientes de tensão. Um trabalho com clima horrível e pessoas tensas, preocupadas em excesso, à beira de um ataque de nervos e transpirando "workalcoolismo" (do inglês "workaholic", que representa os viciados em trabalho) pode ser um local de fácil difusão do vírus, assim como ônibus lotados, filas de bancos, salas de aula com alunos em prova e avenidas congestionadas. Rapidamente uma pessoa contaminada pelo ÀFdP pode transmitir o vírus para os que estão à sua volta, através de broncas excessivas, gritos, arrancar de cabelos, pressão por resultados e egocentrismo.

O portador do ÀFdP possui como sintomas claros a cara assustada, suor excessivo, inanição (não almoça, mal janta), pouco sono. Palidez, bebida, drogas e alterações de humor também estão presentes, além de uma convulsão terrível que o faz olhar somente para o próprio umbigo.

Já os riscos da propagação do ÀFdP são mais terríveis do que os sintomas e meios de transmissão: depressão, indiferença aos amigos e familiares, perigo de suicídio (ao pular da janela do trabalho, da ponte perto da faculdade ou da sacada do apartamento). As pessoas próximas sentem a reação em cadeia: pai, mãe, namorado(a), amigos, colegas de trabalho ou estudo, que começam a sofrer lentamente com os sintomas do ÀFdP. Os efeitos sobre a mente e o comportamento levam a formação de um ser humano deformado, sem valores, consciência, caráter. Empresas que se relacionam com esta pessoa acabam por fechar, e a briga entre os já contaminados pelo vírus torna-se clara, com xingamentos, destemperos e sopapos. O clima fica mais e mais tenso, e por onde o contaminado passa não é mais possível ter paz: todos se contaminaram pelo ÀFdP. Apocalipse em curta escala, até atingir escalas estratosféricas...

Calma! Esse vírus não existe, é claro. Mas os sintomas, riscos e fatores de propagação que foram citados são bem reais.

A preocupação com o H1N1 é, claro, válida. Porém criou-se um alarme com relação à doença (tal como foi feito no "boom" da crise) que mais pareceu uma tentativa de maquiar problemas muito maiores da humanidade. Colocaram no H1N1 uma letalidade na verdade embutida e difusa pelo próprio ser humano, que vem tapando continuamente os olhos à situação dos doentes e famintos, provocando guerras e corrupções, atacando Deus, a família, os valores e a si próprio. Não foi o H1N1 que trocou a dignidade humana pelo egoísmo ou o hedonismo: fomos nós mesmos.

Eis o verdadeiro foco: combater antes da Influenza A o "vírus ÀFdP", com um coquetel de fé, virtudes, paz, alegria e caridade. Afinal, ele possui um poder letal muito maior que o H1N1, e já é uma pandemia, o que pode fazer com que ele esteja bem aí ao seu lado, neste exato instante.

São Paulo, 11/05/2009. W.E.M.

Um comentário:

disse...

Genial!
Adorei.
=)